Pesquisadores do laboratório LAMP da Escola de Engenharia da Universidade de Pittsburgh Swanson, na Pensilvânia (EUA), criaram um revestimento têxtil que pode repelir líquidos como sangue e saliva, além de impedir a aderência de vírus à superfície, como o coronavírus.
O trabalho foi publicado recentemente na revista ACS Applied Materials and Interfaces.Em tempos de pandemia de coronavírus, as máscaras de proteção se transformaram em acessório obrigatório. Por conta do aumento da procura, máscaras e outros equipamentos de proteção individual (EPI) começaram a sumir do mercado.
Para suprir a demanda, a produção desses equipamentos aumentou, mas o material usado nem sempre é o mais adequado, podendo oferecer riscos para quem usa, especialmente pelos profissionais de saúde. O novo revestimento têxtil criado pela universidade americana pode ser a solução.
Uma das vantagens do novo revestimento é que, além de oferecer mais proteção, ele pode ser reutilizado. “Recentemente, tem havido foco em superfícies repelentes de sangue, e estávamos interessados em conseguir isso com durabilidade”, explicou Anthony Galante, estudante de doutorado em engenharia industrial em Pitt e um dos autores do trabalho.
Tecido reutilizável
“Queremos forçar o limite do que é possível com esses tipos de superfícies, especialmente devido à pandemia atual”, acrescentou. O que torna o revestimento único, segundo os pesquisadores, é sua capacidade de resistir à lavagem. Com outros revestimentos semelhantes usados hoje, lavar ou esfregar a superfície do tecido reduz ou elimina suas propriedades repelentes.
“A durabilidade é muito importante porque existem outros tratamentos de superfície por aí, mas eles são limitados a têxteis descartáveis. Você só pode usar um vestido ou máscara uma vez antes de descartá-lo ”, disse o professor Paul Leu, co-autor da pesquisa e responsável pelo LAMP Lab.
“Dada a escassez de EPIs, é necessário revestimentos que possam ser aplicados a tecidos médicos reutilizáveis, que possam ser adequadamente lavados e higienizados”, observou o professor Leu.
O novo revestimento passou por dezenas de lavagens ultrassônicas e milhares de rotações com uma esponja (não muito diferente do que poderia ser usado para esfregar panelas e frigideiras). Ele também foi raspado com uma lâmina afiada. Após cada teste, o revestimento manteve suas propriedades repelentes.
Os pesquisadores trabalharam com o diretor de pesquisa do Laboratório de Microbiologia Charles T. Campbell, Eric Romanowski, e o diretor de Pesquisa Básica Robert Shanks, no Departamento de Oftalmologia de Pitt, para testar o revestimento contra uma cepa de adenovírus.
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“Como esse tecido já demonstrava repelir sangue, proteínas e bactérias, o próximo passo lógico era determinar se repele vírus. Escolhemos os adenovírus humanos tipos 4 e 7, pois são causas de doenças respiratórias agudas e conjuntivites”, disse Romanowski. Nos testes, os adenovírus também foram repelidos.
O próximo passo para os pesquisadores será testar a eficácia do novo revestimento contra os betacoronavírus, como o que causa a Covid-19. “Se o tecido tratado repelir os betacornonavírus, e em particular o SARS-CoV-2, isso pode ter um enorme impacto para os profissionais de saúde e até para o público em geral”, afirmou Romanowski.
O revestimento pode ter amplas aplicações na área da saúde: desde roupas de hospital até cadeiras de sala de espera, que terão capacidade de repelir vírus.