Homem picado por cobras ajuda na criação de antídoto

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Tim Friede é um americano apaixonado por cobras e já foi picado por mais de 200 delas. Foto - Tim Friede - Youtube
Tim Friede é um americano apaixonado por cobras e já foi picado por mais de 200 delas. Foto - Tim Friede - Youtube

A paixão de um americano por serpentes pode revolucionar o tratamento de picadas de cobra. Pesquisadores usaram o sangue de um homem que se expôs ao veneno de mais de 200 cobras para desenvolver um antídoto experimental. Esse possível novo tratamento pode proteger contra diversas espécies — algo inédito até agora.

Tim Friede, morador de Wisconsin, nos Estados Unidos, é um apaixonado por serpentes. Ao longo de duas décadas, ele se deixou picar por mais de 200 cobras, muitas delas extremamente venenosas, como mambas e najas. Ele fazia isso voluntariamente, sem qualquer supervisão médica. Seu objetivo era simples, embora perigoso: tornar-se imune ao veneno.

Mesmo enfrentando reações graves como febre alta, convulsões e um coma que durou quatro dias, Friede continuou. Com o tempo, seu corpo desenvolveu uma resposta imunológica única. Essa resistência chamou a atenção da ciência.

O estudo que utilizou o sangue de Tim Friede para desenvolver um antídoto experimental contra picadas de cobra foi realizado por uma equipe de cientistas liderada por Jacob Glanville, da empresa de biotecnologia Centivax. A pesquisa foi publicada na revista científica Cell, conforme relatado por veículos como The Guardian e The Sun The Guardian e The Sun.

Além disso, a colaboração contou com a participação de Peter Kwong, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, que também esteve envolvido na análise dos anticorpos presentes no sangue de Friede

A descoberta dos anticorpos

Pesquisadores analisaram amostras do sangue de Friede. Descobriram dois anticorpos naturais, produzidos por seu sistema imunológico após anos de exposição. Esses anticorpos foram testados em laboratório com camundongos e apresentaram resultados promissores.

Eles conseguiram neutralizar toxinas de diferentes espécies do grupo dos elapídeos, que inclui cobras como a mamba, a naja e a coral-verdadeira. Esse grupo de serpentes é conhecido pelo veneno neurotóxico e altamente letal.

Por que isso é importante

Hoje, os antídotos disponíveis funcionam apenas contra espécies específicas. Isso representa um enorme desafio, principalmente em regiões rurais e tropicais, onde a diversidade de cobras é alta. Além disso, a eficácia pode variar conforme a localização, já que as toxinas mudam de região para região.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 110 mil pessoas morrem anualmente por picadas de cobra. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com acesso rápido a um antídoto eficaz. No entanto, em diversas áreas, esse tratamento é escasso, caro ou inadequado.

O futuro do antídoto universal

Embora os testes ainda estejam em fase inicial e limitados a animais de laboratório, a descoberta acende uma esperança. Pela primeira vez, pesquisadores observaram uma resposta imune eficaz gerada naturalmente contra várias toxinas diferentes.

É importante destacar que os anticorpos analisados foram eficazes apenas contra o grupo das elapídeas. Eles não neutralizaram o veneno de víboras, como cascavéis e jararacas — comuns na América do Sul. Mesmo assim, o avanço pode abrir caminho para novas abordagens no tratamento de envenenamentos.

O caso de Tim Friede, que arriscou a própria vida por paixão às serpentes, pode mudar a forma como tratamos picadas de cobra. A ciência agora tem um novo ponto de partida para desenvolver um antídoto universal — uma solução que poderá salvar milhares de vidas em todo o mundo.

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