Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) vão mandar 40 mil centímetros de pele de tilápia para o Líbano para ajudar no tratamento de queimados em Beirute, vítimas da explosão do início da semana que deixou mais de 100 mortos e 5 mil feridos. O envio só depende de acertos entre as autoridades sanitárias dos dois países.
A pesquisa sobre o uso da pele de tilápia em queimados vem sendo desenvolvida há 6 anos pelo professor Edmar Maciel. Segundo ele,
pele de tilápia age como um curativo para queimaduras de 2º e 3º grau e o seu uso acelera o processo de cicatrização, além de diminuir a dor do paciente.
Estudos clínicos realizados em mais de 350 pacientes mostraram que a pele de tilápia tem potencial de regeneração, abrevia a dor do paciente, além de reduzir a troca de curativos e os custos operacionais clínicos.
Segundo o professor Edmar Maciel, o tratamento por meio da pele de tilápia funciona como um curativo temporário e evita complicações, como contaminação pelo contato do ferimento com o meio externo.
Cirurgias ginecológicas
“Ela age como curativo temporário, que evita a troca diária, reduz a perda de líquido e a contaminação do meio externo para dentro da ferida. Dependendo da profundidade da queimadura, a recuperação pode acontecer em um intervalo de 2 dias a até um mês e meio”, explica o professor.
Em vários países do mundo, é comum o uso de pele de porco para queimaduras. Mas o professor Edmar explica que a pele de tilápia supera a do suíno na quantidade de colágeno e na resistência. Ele afirma também que por ser um animal aquático, o risco de transmissão de doença é menor do que os animais terrestres.
A pele de tilápia tem várias outras aplicações. A técnica criada no Ceará já foi usada na Califórnia (USA) para tratar queimaduras de ursos. Aqui no Brasil, em Campinas e em Fortaleza, ela já foi usada em cirurgias ginecológicas.