O Instituto Butantan inicia na sexta-feira (09-07) os testes em humanos de sua vacina contra a Covid-19, chamada Butanvac. Na fase inicial, o imunizante será aplicado em 418 voluntários. Mas até que a vacina seja aprovada, ela será testada em cerca de 6.000 voluntários.
O Butantan entrou no início de junho com um pedido junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes de sua vacina em humanos. O sinal verde veio agora.
O estudo será realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e também no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Vão participar dos testes adultos acima de 18 anos, que não tenham recebido nenhuma vacina que está sendo usada no Brasil contra a Covid.
Duas doses
A autorização da Anvisa corresponde às fases 1 e 2 da pesquisa, quando são confirmados dados de segurança observados em estudos pré-clínicos e obtidas as primeiras informações de eficácia da vacina. Na terceira fase é que é verificada a eficácia do imunizante. Pelos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS), para que seja liberada para uso em humanos a vacina precisa ter uma eficácia mínima de 50%.
Já se sabe que a Butanvac será aplicada em duas doses, com intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda. De acordo com o Butantan, o estudo clínico da vacina será de comparação, ou seja, os resultados da pesquisa serão comparados aos das vacinas já descritas, permitindo inferir a eficiência da vacina
A Butanvac será fabricada pelo Butantan com tecnologia desenvolvida pelo hospital norte-americano Monte Sinai. Essa tecnologia é baseada no uso de um vetor viral, o vírus da doença de Newcastle geneticamente modificado e inativado para a formulação do imunizante.
Em nota divulgada à imprensa, o Butantan informa que já tem 10 milhões de doses estocadas da Butanvac, e que a expectativa é ter 40 milhões de doses prontas até outubro. Portanto, se aprovada na fase de testes, ela poderá começar a ser aplicada ainda este ano.
Tecnologia da vacina contra a gripe
A vacina Butanvac vai utilizar a mesma tecnologia da vacina contra a gripe, que também é fabricada pelo Instituto Butantan. O vetor utilizado é um vírus chamado Newcastle, que infecta aves.
Os pesquisadores injetam nesse vírus os genes da spike do coronavírus, como é chamada a proteína que se encaixa nas células humanas para promover a infecção. Depois de modificar o vírus Newcastle com a proteína do coronavírus, ele é introduzido em ovos de galinha, onde se multiplica.
