Primavera tem perfume de manga

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"A primavera tem cheiro de manga" - Imagem - Pixabay

No início, a lua sinalizava a mudança das estações. Povos ancestrais se guiavam por ela para observar a migração dos animais. Como viviam em bandos, uma caçada ou uma pescaria mal sucedida certamente comprometeria a sobrevivência da espécie. Quando começaram a plantar, a lua, mais uma vez, foi a salvação da lavoura. Indicava o melhor período para semear as sementes.

Com o passar do tempo novos instrumentos de medição e contagem do tempo foram surgindo. Vieram os relógios de areia, de sol, de água, até chegar aos modernos relógios atômicos. Mas ai já é outra história.
Como é que eu sei tudo isso? Google, uai!

Na minha casa, independente do Climatempo e de outras modernidades, a lua reina absoluta. Papai se guia por ela pra plantar, pra colher, pra cortar o cabelo. Tem também outras serventias. Pra nós, meninas da família Bicalho Resende, a lua é mais que uma linda imagem a ser fotografada. É alvo constante de suspiros demorados:

  • Que linda, gente! Venham ver a lua. Está maravilhosa hoje.

Não importa se a lua tá com jeito de sorriso da Alice, se está cheia como um queijo ou se está minguando. Pra nós, é sempre linda.
Ihhh, abstraindo de novo. Aliás, abstrair faz parte da minha vida. Foco, minha filha, foco! Falando aqui sobre a lua, sobre homem paleolítico e outras cositas e ainda nem cheguei ao ponto.

Na verdade, o que eu quero dividir com vocês é que aqui em casa, além da lua, quem sinaliza para a mudança de estações é a mangueira do quintal. Se é outono, dá-lhe tapete de folhas e flores. Haja vassoura e pá pra dar conta do volume. Se é inverno e primavera, o piso do quintal fica coalhado de manguinhas. Pensa em muita manguinha. É mais que isso. Até que, finalmente, o verão dá as caras. Sabe o que isso significa? Que estamos na temporada das mangas. Só que ela amadurecem muito rápido. E se não forem colhidas a tempo, a maioria cai.

E ai, prezados e prezadas, esqueçam a vassoura. É pá mesmo. E põe pá nisso. É pá pra cá, pá pra lá. Um corre, corre sem fim pra deixar tudo limpinho e sem abelhas por perto. As bonitas sentem o perfume da manga madura e ai já viu, né? Passamos a viver numa colmeia. Pensando aqui: quem seria a abelha rainha? Ah, deixa pra lá.

Ah! De uns anos pra cá, a Juju está ajudando as tias a eliminarem o desperdício. Ela junta o excesso da produção de mangas, coloca numa mesinha no portão junto com um cartaz, no qual se lê: “Doa-se manga. Pode pegar. É de graça”.

Se as mangas já acertaram alguém? Um monte de vezes. Papai foi a vítima mais recente. Domingo de sol. Todo mundo aproveitando a sombra da mangueira pra tomar uma cerveja e ai não deu outra. Puuummm! Que pontaria! A manguinha foi direto pro copo dele. Elegante, como sempre, Papai olhou para um lado, olhou para outro, e num movimento rápido a manguinha já estava debaixo da mesa. Se alguém viu? Duvido.

Tem outro caso, esse já na casa dos meus avós. Família inteira reunida, almoçando debaixo do pé de manga sapatinho. Aliás, vocês conhecem essa manga? É enorme e tem o formato de um sapato. Pois, bem! Todo mundo almoçando, eis que de repente, uma bitela cai bem no meio do prato do Vovô Nenê. Imagine a cena. Risada que não acaba mais e um almoço que ficou pra história da família. Não há quem não se lembre disso.
Que venha a primavera, que venha o verão. E que venham as mangas.

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